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    Negócio internacional alavanca resseguro local em 2017

    2018-04-06

    Fonte: Risco Seguro Brasil

    A internacionalização dos negócios foi chave para os resultados apresentados pelas resseguradoras locais em 2017, de acordo com relatório da Terra Brasis.Segundo cálculos da empresa com base em dados da Susep, o volume de prêmios captados no exterior pelas resseguradoras locais cresceu 57% no ano passado, chegando a R$ 2,26 bilhões.O crescimento foi bem mais forte do que o registrado pelo volume total de prêmios cedidos às resseguradoras locais por clientes baseados no Brasil, que aumentou 7,9% para atingir R$ 7,97 bilhões.Como um todo, o mercado de resseguros apresentou um incremento de 8,72%, somando R$ 11,06 bilhões em prêmios de resseguros. As cessões feitas diretamente por cedentes brasileiras ao mercado global chegaram a R$ 3,08 bilhões, um incremento de quase 11%.

    Retenção local

    Os dados também indicam que a gradual reabertura do mercado de resseguros, com a redução da parcela de cessão local obrigatória, está tendo pouco efeito, até o momento, nos níveis de retenção local.Se em 2016 as resseguradoras locais tinham 72,7% dos prêmios de resseguros cedidos por cedentes brasileiras, no fim do ano passado o número era de 72,1%, ou quase R$ 8 bilhões.O estudo mostra que, no segundo semestre de 2016, a retenção local era de 80%, mas os níveis estão longe dos patamares atingidos em 2010, quando caiu para pouco mais de 40% e convenceu o governo a adotar novas medidas restritivas, como o direito de primeira recusa por parte das resseguradoras locais sobre 40% dos prêmios cedidos.Considerando os prêmios captados no Brasil e no exterior, as resseguradoras locais fecharam o ano com R$ 10,231 bilhões, dos quais R$ 3,955 bilhões, ou 38,7%, foram repassados para o mercado global por meio de contratos de retrocessão.Já os prêmios cedidos em cosseguro caíram para R$ 2,2 bilhões no final de 2017, ou 2,9% menos do que no ano anterior.Os dados analisados pela Terra Brasis mostram uma redução significativa da participação dos cosseguros no mercado de seguros gerais. Se em 2008 eles representam mais de 6% do mercado, no final do ano passado a proporção havia caído para 2,3%.

    Lucros
     
    Como em anos anteriores, a performance do mercado foi fortemente condicionada pelo IRB Brasil Re, que fechou o ano com 33% dos prêmios de resseguro, e 45% do que foi captado pela resseguradoras locais.As outras resseguradoras locais atuantes no país chegaram a uma participação de 40% no mercado, enquanto 28% dos prêmios foram cedidos diretamente ao resseguro internacional.O setor fechou o ano com um lucro agregado de R$ 1,3 bilhões, um valor 15% maior do que em 2016. Deste total, o IRB Brasil foi responsável por mais de 70%.Um dos fatores que auxiliaram o mercado a melhorar seus resultados foi a queda da sinistralidade, que fechou o ano em 59%, contra 66% em 2016.O IRB Brasil puxou a rentabilidade do setor com um índice de R0E, que mede a lucratividade de uma empresa, de 27,2%, consolidando sua posição como uma das resseguradoras mais rentáveis do mundo.Mas, em comentário incluído no estudo, o diretor geral da Terra Brasis, Rodrigo Botti, observa que, em 2017 pela primeira vez as ressegudoras locais que entraram no mercado após o fim do monopólio do IRB, em 2008, conseguiram uma rentabilidade superior à do CDI.Para Botti, isso reflete o amadurecimento das operações das resseguradoras locais, já que o negócio, por sua natureza, exige tempo para gerar lucros.As empresas que entraram no mercado em 2008, por exemplo, tiveram um ROE de 11%, comparado com 9,8% em 2016.Já as que começaram em 2014 ainda apresentaram um ROE negativo, de -1,2%, mas muito melhor do que os -13,8% do ano anterior. No total, a rentabilidade do setor não-IRB Brasil do mercado foi de 10,6%.
     
    Por linhas
     
    Em termos de linhas de negócio, a que mais que cresceu em 2017 foi a de seguros para pessoas, cujo volume de cessões pelas seguradoras brasileiras aumentou em 40%.Outras linhas que tiveram bom desempenho foram riscos financeiros (aumento de 25%), automóveis (18%) e rural (12%).Mas os efeitos do fraco desempenho da economia também foram sentidos pelo setor.Linhas dependentes da atividade econômica, como os seguros aeronáuticos e de riscos especiais, mostraram significativas quedas nos volumes de cessão, com -20% e -22%, respectivamente.