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5º Encontro de Resseguro destacou os desafios e as oportunidades do setor
2016-04-08
Fonte: CNSeg
Durante dois dias, temas atuais como a Gestão de Riscos dos Jogos 2016 e a cobertura para seguros de drones dividiram espaço com painéis técnicos com ênfase em regulação e Solvência II, entre outros assuntos que foram abordados na programação do 5º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro. O grande destaque do Encontro girou em torno da criação de um Polo Regional de Resseguro. Hoje, o mercado brasileiro de resseguro está estimado em US$ 2,5 bilhões e o da América Latina em US$ 21 bilhões. Portanto, se o Brasil atrair pelo menos 10% do mercado latino, dobrará o seu tamanho.Rio 2016A menos de quatro meses dos primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos que acontecerão na América Latina, o especialista em Segurança e Riscos do Comitê Rio 2016, Roberval Ferreira França, dimensionou toda a infraestrutura que envolve o megaevento. Mais de dez mil atletas representantes de 206 países virão para os Jogos do Rio de Janeiro. Durante a plenária, a presidente da Swiss Re Brasil Resseguros, Margo Black, detalhou a principal apólice de seguro do evento. Ela é de cerca de US$ 2 bilhões e cobre, entre outros riscos, os direitos de transmissão da competição que tem um público estimado em mais de cinco bilhões de pessoas em todo o mundo. Margo explicou ainda que há quatro situações que poderiam comprometer – por cancelamento ou abandono - a realização dos Jogos: 1) terrorismo internacional; 2) catástrofes naturais; 3) pandemias; e 4) protestos e manifestações.Seguro AgrícolaAs tendências globais no seguro agrícola também foram destaque na programação do segundo dia do 5º Encontro de Resseguro. O gerente Geral de Riscos Agrícolas da Hannover Re, Andreas Bronk, trouxe um panorama global sobre o produto e citou algumas das principais coberturas para o segmento que estão em evidência no mundo. Entre elas, a de floresta, que cobre riscos como incêndio, vendaval, inundação e deslizamento; a “bloodstock”, para cavalos de corrida e de esporte, e que cobre todo o risco de mortalidade, despesas médicas, perda de uso, transporte e até infertilidade; e a de aquicultura, voltada para peixes como o salmão e o atum, mariscos como o camarão e também para equipamentos. Esta cobre riscos da natureza, doenças, poluição e até mesmo o de proliferação de algas. Em relação às oportunidades para o seguro de índice no Brasil, ele apresentou algumas possibilidades como o índice NDVI, baseado em satélite para cobrir, por exemplo, a seca em pastagens; o índice de precipitação, voltado para a cobertura de condições de seca ou de chuva excessiva; e o índice de temperatura para geadas. “Esse tipo de tecnologia é muito importante para a continuidade desse produto no mundo”, pontuou Bronk. Já o diretor da área de Seguro Rural do Grupo Segurador BB e Mapfre e presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), Wady Cury, foi o debatedor deste painel e trouxe uma reflexão: “Por que muitas vezes nos perguntamos o motivo pelo qual os governos fazem subvenção? Se nós partimos para o raciocínio voltado à segurança alimentar, levando em consideração que as políticas agrícolas são os instrumentos de manutenção desta segurança alimentar no mundo, percebe-se que todos os países vem buscando subsídios para a manutenção da agricultura. Nesse sentido a nossa Constituição fala do seguro rural como instrumento de política agrícola. Isso nos remete a um conceito mais moderno onde a atividade do seguro agrícola é essencial para a agricultura”, defendeu, citando ainda que o Brasil saiu de um pouco mais de um milhão de hectares segurados em 2006 para 12 milhões de hectares, com mais de 80 culturas diferentes, segurados em 2014. “Sendo o Brasil um país continental, não há mais como regular 12 milhões de hectares se não houver instrumentos de gestão. Há, a partir daí, a necessidade de conhecermos o que está sendo feito fora do país. Se nós não investirmos, nós não teremos sucesso na gestão do produto final”, concluiu.DronesOs mais variados modelos e formatos dos veículos aéreos não tripulados (UAVs, siga em inglês) e controlados remotamente, conhecidos como drones, além dos desafios dos riscos e responsabilidades que estão envolvidos neste tipo de negócio, o qual carece de dados e regulamentação, foram abordados pelo vice-presidente e gerente de Aviação da XL Catlin, Tony Trost. “Os drones podem ser utilizados para as mais diversas tarefas, das mais simples, como a entrega de pizzas, às mais complexas, que inclusive envolvem riscos de vida para os seres humanos, e até mesmo para guerras”, elencou. Trost citou ainda que a Austrália e o Japão são os países mais avançados no uso desta tecnologia. Ele também falou sobre o potencial destes veículos que vão desde o uso para entretenimento, passando por serviços emergenciais, agricultura, monitoramento, mídia e comunicações e até mesmo operações comerciais. Em relação ao mercado brasileiro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizou, em 2015, uma audiência pública para a regulamentação dos drones e entre as principais propostas da Agência estão a maior idade (maior de 18 anos) para utilização e a exigência de um seguro com cobertura de dados a terceiros para estes equipamentos. Porém, ainda a muito a ser explorado no que diz respeito ao seguro do casco dos drones, por exemplo.O eventoO 5º encontro de Resseguro do Rio de Janeiro foi promovido pela Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg), em parceria com a Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber) e com a Escola Nacional de Seguros. O evento aconteceu nos dias 5e 6 de abril, no Hotel Sofitel, em Copacabana, e reuniu um público de 500 participantes, entre executivos dos setores de seguros e resseguros e palestrantes nacionais e internacionais.